É um cartão de visita da aldeia. A sua construção remonta ao Sec. XVIII, tendo sido levada a cabo com dinheiros do Padre António Gonçalves Calado, natural da freguesia e senhor de grande fortuna.
Este pároco, que durante muitos anos viveu no Rio de Janeiro, aplicou ainda parte dos seus bens, numa fundação do vínculo de Nossa Senhora de Belém, a qual tinha sede nesta mesma capela.
Entre as obrigações inerentes a esta fundação, contavam-se a celebração de uma missa diária, a criação de uma escola primária e a manutenção do respectivo funcionamento.
Durante muitos anos, quase foi votada ao esquecimento e actualmente após algumas obras de beneficiação, levadas a cabo por um benemérito da aldeia, começa a servir de capela mortuária.
-CASA DO SEMINÁRIO
Foi com estas palavras, que D. João Evangelista de Lima Vidal, o primeiro Bispo da Diocese, decretou, em 28 de Fevereiro de 1925, o encerramento do Seminário de Gralhas, extinguindo o legado do fundador do mesmo.
O Seminário, que funcionou durante cinco anos, desde Janeiro de 1921, até ao fim do ano lectivo de 1925, resultara de uma doação feita pelo Padre João Álvares Fernandes de Moura, natural desta freguesia, onde nasceu em 09-07-1848 e senhor de grandes propriedades na terra. Apesar de aí não viver permanentemente, o Padre Moura, era um apaixonado da aldeia, a qual visitava com frequência, sendo inclusivé, um grande benemérito da igreja paroquial. Contam os mais antigos, que tudo o que de bom aparecesse em Braga, o Padre Moura logo adquiria para a Igreja da sua terra, que por isso mesmo, foi, até há pouco tempo, uma das mais ricas em paramentos, cálices e alfaias.
Pelo Seminário de Gralhas, passaram dezenas de alunos, os quais após o seu encerramento, partiram para Braga. Esta casa, serviu ainda como escola preparatória, para muitos outros jovens que se prepararam para a vida, incluindo os rapazes da terra, muitos dos quais, aprenderam ali a ler, escrever e contar.
QUEM FOI O PADRE MOURA?!...
Para além de ter sido, o mais notável dos homens de que há memória em Gralhas, o Padre Moura foi uma das figuras marcantes de todo o Barroso, senão mesmo do país. Nasceu como já se disse, nesta freguesia, em 09-07-1848, onde fez a instrução primária em 1861. Cursou Português e Latim em 1862, Francês e Latinidade em 1863, Filosofia em 1864, Oratória em 1865, Geometria e Geografia em 1867. Estudou Teologia no Seminário Conciliar de Braga de 1868 a 1870. Em 1871 recebeu a ordenação sacerdotal. Começou a sua vida paroquial na sua própria aldeia no ano de 1876. DE 1878 a 1920 foi Procurador e Secretário do Seminário de Braga, tendo em 1921 regressado de novo à sua terra, onde veio a falecer em 22-09-1920, não sem antes deixar a marca da fundação do Seminário. Apesar da sua notabilidade e interesse pela terra, parece ter sido esquecido, como provam as recentes designações de topónimos da aldeia.
Originariamente, a cruz que se vê na foto, não se encontrava no interior do poço (tanque). Encontrava-se isso sim, no cimo de um morro ali existente e era um Monumento de Fé Cristã, de saudação e homenagem aos mortos e às «Almas», sendo formado por quatro partes distintas:
a)-Uma plataforma com 2 degraus de acesso;
b)-Uma base assente na plataforma, servindo de apoio à coluna;
c)-Uma coluna na vertical, com alguns remates decorativos, entre os quais se notam, um cálice, uma hóstia e uma escada com dez degraus, representando os Dez Mandamentos;
d)-E uma coluna na horizontal.
Mas esse local, não serviu apenas para os fins acima referidos. Porque violavam a lei de Deus e dos homens, durante séculos, os malfeitores da aldeia, foram ali castigados e expostos ao sarcasmo e à irrisão pública da povo. Os açoutes, as mutilações e outros castigos infligidos aos transgressores da lei e aos perturbadores da ordem, visavam a defesa comum dos aldeões e contribuíam de um modo eficaz para o saneamento moral dos habitantes.
Quanto ao Poço da Luisa, o seu lugar original, era junto à chamada casa do «Americano», isto é, cerca de 40 metros para sul do local onde hoje se situa. Foi construído no tempo do Estado Novo, mais precisamente no ano de 1945 e nada tem a ver com a Cruz colocada há cerca de duas dezenas de anos no seu interior.
-IGREJA PAROQUIAL
Desconhece-se o ano da sua construção, sabendo-se apenas que é anterior ao século XVI. E sabe-se que é anterior ao século XVI, dado existir na Biblioteca Pública de Braga, uma «Relação de todas as Igrejas do Arcebispado e seus Padroeiros», onde consta, para além de outras 26 igrejas da região de Barroso, a «Igreja de colação do Arcebispo de Santa Maria de Gralhas».
Embora tratando-se de um documento sem data, pela caligrafia e ortografia, verifica-se ter sido manuscrito, no início do século XVI, razão pela qual, a Igreja terá sido construída no antecedente.
A esta aldeia e à sua Igreja, se refere também o respectivo Vigário, Francisco Affonso dos Santos, que sob o testemunho do Vigário de Santo André de Vilar de Perdizes, Agostinho Alvares e do Reitor de São Miguel de Vilar de Perdizes, Miguel do Couto de Oliveira, quando em 20 de Março de 1758 e em resposta a uma ordem emanada do Muto Reverendo Senhor Doutor Vigário Geral, para que lhe desse conta do que havia nesta freguesia, lhe respondeu o seguinte:
1-Esta freguezia de Santa Maria de Gralhas está sita na província de Trás dos Montes no Arcebispo de Braga Primaz, da comarca de Chaves, eclesiástica e do secular de Bragança e o hé do termo da vila de Monteallegre.
2-Hé freguezia matriz.
4-Hé toda de Roma e do ordinário conforme ao mês da sua bacatura.O beneficiado que existe hé José da Silva Duarte.
(...)
6-A paróchia está dentro do lugar no meio da povoaçam (parte) do Nacente e nam tem mais lugares.
7-Seu orago hé Nossa Senhora dÀssumpssam.Tem três altares hum principal e dois colaterais, o principal tem o Santíssimo no sacrário e Santo António e o Santo Nome de Jezus e o colateral da parte direita tem Nossa Senhora dÀssumpssam e o da parte esquerda tem Nossa Senhora do Rozário.Nam tem naves, nam tem irmandades.
8-O párocho hé vigário ad nutum aprezentado pelo beneficiado deste beneficio.Terá de renda cem mil réis pouco mais ou menos hum anno por outro.
É uma das mais belas igrejas da região.
-FONTE FRIA
Desconhece-se a época da sua construção, embora haja indicadores, que apontam os meados do século XVIII, como data previsível.
Nela brota, uma das melhores águas da aldeia, tendo a particularidade de ser gelada em pleno verão e mais macia, durante os rigorosos invernos, que por aqui marcam presença.
-FONTE DA CALHELHA DO LAMEIRO
Situada no lado nascente da freguesia, esta fonte, para além de até à década de setenta, abastecer a população residente nas imediações, serviu também para rega das múltiplas hortas que ainda hoje aí existem. Embora já muito danificada e reconstruída arbitrariamente, a Fonte da Calhelha do Lameiro, é um dos exemplares ainda existentes na aldeia, que nos dá conta da passagem por esta região da civilização Celta.
IMAGENS DA ALDEIA
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